População por consumo vs. Sustentabilidade !!
A necessidade de redesenhar novos padrões de consumo foi o tema de um
dos debates do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu no final de
janeiro, em Davos (Suíça). Entre os debatedores estavam Mark Parker
(EUA), presidente e CEO da Nike, Paul Polman (Inglaterra), CEO da
Unilever, Leo Apotheker (Alemanha), CEO da SAP, e Harish Hande (Índia),
diretor da SELCO Solar Light, uma empresa de energia renováveis.
Cidades cada vez mais populosas, como na Índia, estão saturadas e
repletas de problemas de mobilidade, saneamento, poluição e moradia.
Ultrapassamos os 7 bilhões de pessoas. O aumento da presença humana
sobre a Terra é uma das principais causas do agravamento da crise
ambiental e uma das maiores ameaças ao planeta. Quanto maior o número de
pessoas, maior a demanda por energia, que, para ser produzida, depende
primordialmente, ainda hoje, do petróleo. E são justamente os derivados
do líquido negro os principais responsáveis pelo aumento das emissões de
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Além da energia, o homem
precisa de comida. Os alimentos, para serem produzidos em larga escala,
também oneram o meio ambiente: avançam sobre as florestas, recebem
indiscriminadamente defensivos agrícolas para seu cultivo, reforçando um
ciclo de insustentabilidade que está se tornando inviável. Quanto maior
o número de pessoas, maior o consumo de produtos. Resultado: mais uma
fatura debitada na conta da natureza, a da pressão sobre
matérias-primas, como o minério de ferro, presente nos automóveis e nos
eletrodomésticos.
Quem melhor soube traduzir o impacto da vida humana sobre o planeta foi a
ONG ambientalista WWF, ao criar dois instrumentos de medição – a pegada
ecológica per capita e a biocapacidade per capita. A pegada ecológica
serve para avaliar o impacto que o ser humano exerce sobre a biosfera,
ou seja, sobre o ambiente no qual se assenta a vida na Terra; a
biocapacidade avalia o montante de terra e de água necessários para
atender as necessidade humanas, o que, em um ambiente equilibrado, deve
ser equivalente à capacidade regenerativa da natureza. A pegada
ecológica varia de região para região do planeta e leva em conta vários
fatores, como área de terra arável, florestas, área urbanizada e
pastagens.
Em 2008, a pegada ecológica do planeta era de 2,7
hectares globais (gha) per capita. Esse número, multiplicado pela
população da Terra na época (6,7 bilhões de habitantes), apontou que
para o atendimento das necessidades humanas seriam necessários 18
bilhões de hectares em todo o mundo. Como há apenas 12 bilhões de
hectares disponíveis de terras e águas bioprodutivas, o estudo do WWF
mostrou que o que estava sendo gasto correspondia a 50% a mais do que a
capacidade regenerativa da natureza. Em outras palavras, em um ano
estava se gastando o que somente seria reposto em um ano e meio.
“Isso
quer dizer que a população mundial já ultrapassou os limites da
sustentabilidade”, afirma o doutor em demografia e professor titular da
Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) José Eustáquio Diniz Alves. Segundo ele,
isso ocorre devido a uma combinação entre população, padrão de produção e
nível de consumo. Assim, se o mundo adotar o padrão de consumo médio
indiano, que é muito baixo, poderá ter mais de 7 bilhões de habitantes.
Mas se adotar o padrão médio brasileiro, poderá ter 5 bilhões. E se o
padrão for o dos Estados Unidos, esse número baixaria para 1,5 bilhão de
habitantes.
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